Pesquisa: Maria Lídia - Presidente
Número é 12,88% maior em comparação a 2009; escritório defende interesse dos compositores
A atuação do Ecad, responsável pela arrecadação de direitos autorais para compositores em todo o País, se expandiu nos últimos dois anos. O escritório arrecadou, em 2010, cerca de R$ 30 milhões nas sub-sedes de Campinas – que inclui São Carlos -, Ribeirão Preto e Varginha. O valor representa um crescimento de 12,88% em comparação a 2009, quando foram arrecadados R$ 26,46 milhões.
Mais da metade desse montante vem da região de Campinas, que teve um repasse de R$ 16,37 milhões em 96 municípios, a nona maior arrecadação em todo o Brasil. Logo atrás aparece Ribeirão Preto, com R$ 11 milhões, seguido por São Carlos, com R$ 1,661 milhão e Varginha, com R$ 844 mil. Os valores são referentes à fiscalização de bares, restaurantes, academias, entre outros estabelecimentos, além de rádios, emissoras de TV e espetáculos musicais de 261 cidades.
O crescimento observado, segundo o gerente do Ecad em Ribeirão Preto, André Goulart Franco, tem como principal fator o aumento no preço dos ingressos nos shows de grandes artistas – nos quais a arrecadação se baseia em percentuais sobre as bilheterias. “Quanto maior o valor do ingresso, maior a arrecadação do Ecad”, explica Goulart, defendendo que os valores são importantes para contemplar o trabalho dos compositores. Em Ribeirão Preto, o segmento de shows representou R$ 2,36 milhões para o caixa do escritório no ano passado.
Além disso, contribuem a maior taxação sobre hotéis, casas de diversão e locais como shoppings, terminais e condomínios, cujos valores de repasse cresceram 33,7%, 32,3% e 26,1%, na regional de Ribeirão Preto. “Nesse caso, o Ecad faz uma amostragem em alguns estabelecimentos cadastrados e traça um espelho da programação musical de lojas e restaurantes, por exemplo. Esses dados são jogados em uma planilha mensal, com dados somados aos de rádios de todo o Estado de São Paulo”, afirma Goulart.
Antes de chegar a compositores como Sorocaba (da dupla Fernando e Sorocaba),
Victor Chaves (da dupla Victor e Leo) e Roberto Carlos,
cujas canções lideram as rádios e os eventos musicais, o dinheiro passa antes por nove entidades credenciadas como a Abrac (Associação Brasileira de Autores, Cantores e Intérpretes). “Teria que haver uma relação melhor com a sociedade, teríamos que ser atendidos mais de imediato”, disse o diretor da associação, Marcos Sá, citando que os repasses do Ecad demoram a chegar, além de não haver um panorama claro sobre como são obtidos os direitos autorais. “Eles mandam o valor e aceitamos o que falam”, afirmou Sá, acrescentando que o repasse já chegou a atrasar quase um mês.
Para Ricardo Gama, tecladista, compositor e produtor musical do grupo Sambô, a arrecadação é importante para remunerar o trabalho dos músicos, mas ele tem dúvidas sobre a forma como se calcula o repasse.
“Acredito que não atrapalhe. Pelo contrário, funcionando, faz você ter seus direitos reconhecidos. Só tenho dúvida, porque fica muito vago. Posso passar um repertório para o Ecad e não tocar nenhuma das músicas”, disse, explicando que antes dos shows o grupo informa a relação de canções que serão executadas para o Ecad antes dos eventos.
Segundo o tecladista do Sambô, grupo que ficou conhecido pelas versões em samba de músicas internacionais como “Sunday Bloody Sunday” (U2), quem paga pelos direitos autorais são os organizadores das festas em que tocam. A banda só teve de pagar pelas músicas na gravação do CD e DVD.
Confira as arrecadações do Ecad por região:
Campinas
Cidades abrangidas: 96
Arrecadação 2009: R$ 14,07 milhões
Arrecadação 2010: R$ 16,37 milhões
Crescimento: 16,34%
Ribeirão Preto
Cidades abrangidas: 122
Arrecadação 2009: R$ 11 milhões
Arrecadação 2010: R$ 10,32 milhões
Crescimento: 7,4%
São Carlos
Cidades abrangidas: 17
Arrecadação 2009: R$ 1,44 milhão
Arrecadação 2010: R$ 1,66 milhão
Crescimento: 15,36%
Varginha
Cidades abrangidas: 26
Arrecadação 2009: R$ 638 mil
Arrecadação 2010: R$ 844 mil
Crescimento: 32,3%
Fonte: EPTV.com